Capítulo 77
“Se você for embora, quando o senhor voltar, não vamos saber como explicar.”
Letícia Silveira abraçou sua mochila, sorrindo para a empregada: “O que vocês têm para explicar não é problema meu. Não me deixam nem comer, quando meu irmão voltar e ver que não estou, vai saber que vocês me expulsaram. Aí vocês que aguardem as consequências.”
“Você…” – A empregada olhou para ela com um misto de culpa e raiva: “Que menina maldosa você é, tão jovem e já assim. Deixe–me dizer–lhe, estamos apenas falando a verdade, você é só uma estranha. Temos um monte de coisas para fazer, não podemos ficar cuidando só de você. Além disso, somos empregados contratados pela própria Srta. Helena. Srta. Helena será a futura dona desta casa, o senhor jamais nos demitiria por causa de uma estranha como você.”
Leticia Silveira: “Se é assim, por que você está com medo? Por que está me impedindo? Não quer me dar comida, eu quero ficar aqui e morrer de fome?” – Letícia Silveira afastou a mão: “Não me impeça, sua velha malvada“.
Você acabou de jogar fora seu café da manhã, não estava se sentindo aliviada?
Por que está apavorada agora?
Após essas palavras, Leticia Silveira correu para o lado de Marcos Rodrigues e sentou–se no banco do passageiro do carro.
Na verdade, ela disse isso de propósito. Não queria que ninguém pensasse que ela era fácil de intimidar.
Sim, ela era uma estranha, e daí? Ainda assim, Sérgio Pereira tinha um certo afeto fraternal por ela.
Se ela fosse maltratada, Sérgio Pereira não ficaria indiferente.
Quando o táxi partiu, Letícia Silveira fungou e enxugou as lágrimas que restavam em seus olhos, que ainda estavam vermelhos de tanto chorar.
Antes que Marcos Rodrigues pudesse falar, o motorista do táxi disse: “Menina, não imaginava que sua família fosse tão rica, morando em uma mansão dessas. Está brigada com eles e fugindo de casa?”
Letícia Silveira respondeu: “Aquela não é a minha casa. Sou órfã. Fui adotada pelo meu irmão e só vim ficar alguns dias. Afinal, não é a minha casa, e não seria bom continuar lá.”
O motorista acenou com a cabeça em concordância: “Isso mesmo, não se preocupe, senhorita. Como a senhora é estudante e não é comum pegarmos táxis, não vou cobrar muito. Quinze reais está ótimo“.
Letícia Silveira tirou a carteira da bolsa, cheia de troco: “Não é necessário, meu irmão sempre foi bom para mim e me deu muito dinheiro. Eu pago o que o taxímetro mandar“.
O motorista riu: “Seu irmão deve ser um homem de dinheiro. Então não vou me acanhar, vamos cobrar pelo taxímetro“.
Marcos Rodrigues: “Não precisa, eu pago“.
Letícia Silveira olhou para Marcos Rodrigues, que finalmente falou.
Como ele estava usando roupas de trabalho, provavelmente estava ocupado quando recebeu a ligação dela.
Seus olhos pousaram nos pedaços de madeira no colarinho da camisa dele.
O motorista, observando pelo retrovisor, sorriu sem dizer uma palavra. Quem nunca foi jovem e apaixonado?
Letícia Silveira, que se sentia um pouco enjoada, se inclinou em direção a Marcos, apoiando–se em seu ombro: “Motorista, por favor, dirija devagar, estou me sentindo enjoada.”
Marcos Rodrigues ficou rígido, desconfortável com ela se apoiando nele: “Estou sujo.”
“Não me importo, Marcos Rodrigues, estou realmente me sentindo mal.” – Havia um cheiro de suor em Marcos, que exalava uma essência de hormônio masculino maduro. Ele segurava firmemente as laterais de suas calças, sem ousar se mover. A pele de suas mãos, comparada à de Letícia Silveira, era um contraste gritante: uma branca e macia, a outra bronzeada pelo sol.