Capítulo 4
Quando era criança, Margarida tinha–a picado com uma agulha, deixando–a com um trauma psicológico. Ela tentou três vezes sem sucesso furar as orelhas e, ainda assim, Invejava os outros que conseguiram.
Samuel, que estava a estudar no País Y, soube do ocorrido de alguma forma. Quando voltou casa, surpreendeu–a com uma pistola de brincos, dizendo ser uma arma de brinquedo, apenas para ela experimentar a sensação.-
O homem afastou os cabelos dela, posicionou a pistola em sua delicada orelha e, antes que ela pudesse reagir, os furos estavam feitos.
Ela, irritada, começou a persegui–lo para bater nele, gritando: “Irmão é tão chato!”
Ele se virou, ela tropeçou e caiu nos seus braços. Sob o sol, ele se inclinou e delicadamente secou as lágrimas dos seus olhos.
“Livia, não precisa ter medo.”
Mais tarde, Samuel fez questão de encomendar para ela um par de brincos personalizados pela renomada designer internacional Jaqueline.
Uma obra–prima, com preço de sete digitos.
Ela não gostava de usar joias, mas usou esses brincos durante dez anos, sem nunca se desfazer deles.
Dez anos….
Aquilo que se pensava estar entranhado na carne e nos ossos, afinal, era tão fácil de deixar para trás, sem causar uma dor insuportável.
Na televisão de uma esquina, passava uma notícia de fofoca, com uma repórter a barrar Neva Vargas no aeroporto para perguntar sobre o seu relacionamento.
“Sim, tenho um homem que amo profundamente. Nos separamos há quatro anos por um mal–entendido, mas eu acredito que os verdadeiros amantes sempre acabam juntos…”
Ela sorriu ao olhar para o homem ao seu lado, e a repórter, encorajada, moveu o microfone em sua direção.
“Sr. Paiva, a Srta. Vargas se refere ao senhor como o homem que ela amal profundamente?”
O homem sinalizou para o segurança se aproximar, protegendo Neva Vargas enquanto se afastavam.
Lívia desviou o olhar, com um sorriso sarcástico nos lábios.
Finalmente juntos, que bela história….
Claro, as esposas são sempre as últimas a saber quando os seus maridos têm um caso,
Nesse momento, o motorista de repente falou.
Moça… tem um carro seguindo a gente, é alguém conhecido seu?”
Livia olhou para trás, um Bentley preto os alcançava, impossível de confundir aquela placa arrogante.
Num piscar de olhos, o Bentley acelerou, derrapando e parando na frente deles.
O motorista travou bruscamente, fazendo com que Livia fosse atirada para a frente, só para ser puxada de volta pelo cinto de segurança, deixando–a tonta.
Já se ouvia alguém batendo no vidro.
Toc toc toc.
Um som constante que, aos ouvidos de Lívia, era como o badalar de sinos ao entardecer, puxando as suas emoções.
Ela segurava o cinto de segurança com as mãos brancas de tão apertadas, recusando–se a olhar.
Samuel, com os lábios levemente entreabertos, virou a cabeça para olhar para o motorista.
O olhar frio e penetrante do homem deixou o motorista com a sensação de estar a ser observado pelo rei dos lobos solitários, que rapidamente destravou a porta.
A porta se abriu e Samuel se inclinou para entrar.
Clic.
Ele arrancou o cinto de segurança e colocou a mão grande no interior do assento, virando a cabeça para olhar para Lívia.
Ele estava tão perto que ela podia sentir a sua respiração nos seus lábios, e por um momento, achou que ele a beijaria.
Mas ele apenas riu: “Lívia, fingir que está morta é divertido?”
Lívia…Lívia……
Desde aquela noite la nunca mais a chamou carinhosamente de Livia, nem permitiu que
ela o chamasse de irmão.
Dor latente no peito, Lívia virou a cabeça. “Não mexa mais comigo.”
Sua voz estava rouca, Samuel não entendeu, mas sem dizer mais nada, a tirou do carro.
“Larga–me!” ela se debateu.
“Se comporte!” a mão grande dele segurava firme no seu quadril, a maciez sendo
pressionada contra as suas palmas, fazendo Livia se acalmar.
“O que aconteceu com o seu pé?” sua voz era grave.
Livia tirou o sapato, revelando a ligadura manchada de sangue.
Ela ficou em silêncio, Samuel com uma expressão sombria, a colocou no banco de trás e sentou ao seu lado.
Bang.
A porta se fechou, deixando o espaço apertado cheio com a sua presença imponente.
Lívia se moveu, mas a mão dele já estava lá, afastando os seus cabelos, seu olhar intenso fixo no lóbulo de sua orelha vazio, subitamente afiado.
“Onde está o brinco?”
Ele apertou o lóbulo macio, torcendo–o cruelmente.
“Ah… perdi…” Livia gemeu de dor.
Samuel largou o seu rosto, segurando o seu queixo, forçando–a a olhar para ele.
Lívia viu pelo canto do olho o táxi fugindo, desaparecendo na esquina.
Levando consigo seu coração desgastado até virar cinzas.
Samuel, com a voz contida pela raiva, perguntou: “o que significa Perdi, hein?”
Os olhos de Lívia ardiam, mas sua voz era firme: “Perdido significa que não quero mais! Samuel, não estou a brincar, nem a fazer birra, vamos nos divorciar.”
Ela não queria mais os brincos que ele the tinha dado!
Ela não o queria mais !