Capítulo 3
Lívia observava as figuras deles juntos, sentindo uma tristeza profunda no seu coração.
Não é de se admirar que ela falasse em divórcio e ele nem virasse a cabeça, afinal, a sua ex–namorada tinha voltado.-
Samuel se aproximou rapidamente, o olhar varrendo o rosto excessivamente pálido de Lívia, franzindo a testa: “Você está se sentindo mal?”
Neva Vargas também se aproximou, segurando a mão de Lívia com carinho.
“Suas mãos estão tão frias,Lívia. Será que houve algum mal–entendido? Hoje é o meu aniversário, eu não voltava há quatro anos, e os meus pais insistiram em fazer uma festa. Quem diria que depois de comer o bolo eu me sentiria tor de estômago, e o Irmão Samuel me trouxe ao hospital…”
Lívia imediatamente retirou a sua mão, um movimento tão rápido deixou a mão de Neva Vargas suspensa no ar, e Samuel desaprovou com um olhar mais sombrio.
Lívia percebeu isso, e o seu coração se encheu de amargura.
Ela e Neva Vargas compartilhavam o mesmo dia de aniversário, Samuel não se tinha esquecido nem deixado de preparar um presente, mas havia alguém mais importante para acompanhar.
Lívia escondeu a sua fragilidade e sorriu, esticando–se para retirar a tiara da cabeça do homem.
“Isso não combina com você.” Ela lançou a tiara casualmente, que caiu precisamente na
lixeira.
O sorriso no rosto de Neva Vargas ficou completamente congelado.
“Renato está doente, na ala pediátrica, este é o CT cerebral.”
Lívia passou o seu parecer ao médico para Samuel e saiu em direção à saída, os seus passos eram cada vez mais rápidos.
Ao sair do saguão do hospital, ela não pôde resistir a olhar para trás.
Samuel acompanhava Neva Vargas escada acima, e do começo ao fim, ele não olhou para trás nem uma vez.
Com os olhos inchados, Livia virou–se bruscamente, encontrando–se–de frente para alguém.
Ela caiu no chão, e uma voz feminina de meia–idade um tanto familiar ecoou acima dela.
“Os jovens prestam atenção à segurança ao caminhar!”
17:41
Delxa pra lá, Neva ainda está à nossa espera.
Lívia recuperou–se da dor, apenas para ver o casal de meia–idade apressadamente se afastando, era os pais da Família Vargas.
Lívia vagamente lembrou de quando era criança e ficou doente, sendo carregada às pressas pare o hospital pelo Pai de Vargas. A Mãe de Vargas segurava sua pequena mão e dizia: “Livia, seja boa, papai e mamãe estão aqui.”
Ela e Neva Vargas eram as filhas trocadas por engano, as verdadeiras e falsas herdeiras, e logo depois de descobriram, as familias trocaram as crianças de volta.
Aos seis anos, Lívia Vargas perdeu os pais que a amavam, ganhando um pai abusivo e uma mãe egoísta.
Aos oito anos, Livia quase morreu nas mãos de Tadeu Cabral num episódio de violência doméstica; aos dez anos, seu irmão mais velho, Lázaro Cabral, carregou–a ensanguentada para a porta da antiga casa da Família Paiva.
Ele implorou à Velha Senhora Paiva, pedindo que ela adotasse Livia, lembrando da antiga amizade entre a Velha Senhora Paiva e a Velha Senhora Vargas. Samuel chegou através da neve para levar Lívia de volta para a Familia Paiva…
Hádezesseis anos, Neva Vargas apareceu, e Livia perdeu seu lar.
Agora, Neva Vargas apareceu novamente.
Como um destino, Livia sentiu que perderia tudo novamente.
Mas ela estava tão cansada que não queria mais se agarrar a nada.
Era o fim do verão, com nuvens densas no céu, as árvores ainda cheias de folhas, e al brisa noturna trazia um frescor.
Lívia, abraçando os ombros, andava pela rua abaixo quando um grupo de estudantes de dança passou por ela, rindo alegremente.
Lívia parou, olhando fixamente.
Ela era seis anos mais nova que Samuel e, para o alcançar, avançou vários niveis escolares, entrando na melhor academia de dança aos quinze anos.
Aos dezoito, se formou e um professor a recomendou para estudar no exterior. Lívia
recusou.
Nesses quatro anos, ela fez apenas uma coisa.
Esperou por Samuel.
Esperou que ele se virasse para casar com ela, mantendo a farsa de um casamento, dia após dia, ano após ano.
Ela tinha apenas vinte e dois anos, e em comparação com a juventude vibrante dos seus contemporâneos, ela se sentia como uma idosa.
No mês passado, Martim lhe disse que uma mestra de dança mundialmente famosa, Larissa, estava interessada em aceitar discipulos. Era uma excelente oportunidade, e ele poderia ajudá–la a enviar um currículo e tentar uma entrevista.
noite
Livia ainda estava hesitante, mas esta ela encontrou a sua resposta.
Drip, drip-
O táxi aproximou–se, buzinando e interrompendo os pensamentos de Lívia. O motorista inclinou–se para fora.
“Pegar um taxi??”
“Eu não tenho dinheiro, isso serve? É de platina com diamantes.”
Ela tirou o pequeno brinco da orelha e entregou–o.-
O diamante brilhava intensamente, até um leigo poderia perceber sua singularidade. O motorista de meia–idade aceitou, dizendo: “Entre no carro.”
Lívia informou o endereço, enquanto o motorista examinava o caro brinco..
“Residencial Horizonte Azul é um lugar extremamente valorizado, você deve ser rica, hein? Quanto vale esse brinco?”
Lívia se inclinou contra a janela do carro, de olhos fechados: “Um valor de sete digitos.”
O motorista não acreditou: “Você realmente sabe como brincar…
Lívia não continuou a conversa, perdida nos seus pensamentos.
Naquele ano, ela tinha doze anos, já na idade em que as jovens começam a se interessar por beleza, e tinha marcado com Susana para furar as orelhas.