Capítulo 66
Helena Rocha jamais imaginou que Sérgio Pereira daria tanta atenção a Leticia Silveira a ponto de ela ocupar o lugar que, pela hierarquia, deveria ser ao seu lado direito, e não ao lado dela.
Com um sorriso, Helena Rocha rapidamente tentou amenizar a situação, dizendo: “A culpa também é minha, eu não a instruí direito antes. Sérgio, vamos comer agora“.
Sérgio Pereira puxou a cadeira à sua esquerda e disse: “Da próxima vez, sente–se aqui“.
Leticia Silveira não sabia o que dizer.
Até os garçons pareciam surpresos com a cena.
Selena Pereira já estava naquela posição e, por um momento, seu sorriso congelou no rosto. O ambiente parecia ter se tornado constrangedor, pois aquele lugar sempre foi de Helena Rocha, que também era a futura esposa de Sérgio Pereira e a dona da Mansão DurMinante.
Letícia Silveira, segurando sua taça, sentou–se à direita de Sérgio Pereira e disse: “Irmão, você esqueceu que eu sou canhota? Se eu sentar do lado esquerdo, vou esbarrar em você”.
“É melhor eu ficar aqui mesmo, gosto mais dos pratos deste lado“.
“Cunhada, o que houve? Por que você não se senta?” – Letícia Silveira então repreendeu Sérgio Pereira: “Irmão, por que você não puxa a cadeira para a cunhada?”
Helena Rocha rapidamente recuperou o sorriso: “Não… não é nada.” – Embora seu rosto ainda mostrasse certo desconforto, o sorriso era forçado.
Durante a refeição, Sérgio Pereira serviu Helena Rocha, dissipando a sombra em seu rosto: “Obrigada“.
Letícia Silveira descascou um camarão com as mãos e o colocou no prato de Helena Rocha: “Cunhada, coma o camarão“.
Helena Rocha: “Eu…”
Antes que Heléna Rocha pudesse responder, Sérgio Pereira já havia tirado o camarão do prato dela com o garfo e disse: “Helena, você é alérgica a frutos do mar, não pode comer isso. Aproveite sua comida e não se preocupe com os outros“.
Helena Rocha olhou para ele com amor em seus olhos: “Não acredito que você se lembrou“.
Sérgio Pereira apenas respondeu com um simples “É“.
Letícia Silveira não se importou com a troca de olhares carinhosos entre eles, concentrando–se apenas na comida, com as mãos cobertas de óleo. Hoje em dia… ela estava com preguiça de cozinhar e comprava algo rápido para comer ou se contentava com macarrão vegetariano instantâneo.
Agora, com o apetite aberto, ela realmente sentia falta da comida preparada por Marcos Rodrigues…
2
Depois que terminaram de comer, Letícia Silveira sentiu sono e foi até a cozinha lavar as mãos. Depois se aproximou de Sérgio Pereira: “Irmão, amanhã eu tenho aula, vou subir para dormir“.
Recostado em sua cadeira e tomando seu café, Sérgio Pereira manteve os olhos no jornal enquanto Letícia Silveira voltou para o quarto principal no segundo andar, onde a empregada já havia preparado a água para o banho. Depois de um banho relaxante, ela vestiu o pijama, deitou–se na cama para ler um pouco e, sem perceber, adormeceu.
Ela não percebeu a figura que aparecera no quarto, Sérgio Pereira cuidadosamente retirou o livro de suas mãos, fechou–o e colocou–o ao lado. Seus movimentos suaves, no entanto, acordaram Letícia Silveira. Com os olhos ainda sonolentos, ela se apoiou na cabeceira da cama, cabelos soltos sobre os ombros, e murmurou com voz doce: “Irmão.”
Sérgio Pereira ajeitou o cobertor sobre ela, sentou–se ao lado da cama e, com delicadeza, afastou alguns fios de cabelo sedoso, permitindo que Letícia Silveira se aconchegasse em seu ombro: “Está se acostumando a dormir bem?” – perguntou ele, enquanto segurava a mão dela, macia e gentil.
Aquelas pequenas mãos delicadas e suaves/repousavam tranquilamente na palma áspera de Sérgio Pereira. O olhar do homem pousou na pele iluminada do pescoço de Letícia, que se destacava entre as dobras de seu pijama de chiffon branco. Ela se deitou de lado, sentindo–se como se estivesse nos braços de Sérgio Pereira: “E minha cunhada?” – ela perguntou com uma voz suave.