Capítulo 37
“Você… tem alguma coisa para me dizer?” – perguntou Leticia Silveira.
Marcos Rodrigues não mudou sua expressão: “Não.”
Leticia não insistiu mais no assunto. Distraida, voltou para a sala de aula com a mochila nas costas. Quando chegou, Márcia se aproximou e disse: “Você sabia que hoje, na hora do almoço, a coordenadora foi à biblioteca procurar por você? Nossa, você não viu, mas ela olhou para você e para o Marcos Rodrigues de um jeito…. parecia que ela ia cuspir fogo, sério, foi assustador.”
“E ainda bem que você e o Marcos Rodrigues não foram afetados, talvez a velha bruxa nem soubesse que vocês estavam realmente lá para estudar.”
“Leticia, você está apenas no primeiro ano do ensino médio, precisa sertão aplicada assim?”
Leticia balançou a cabeça: “Se eu não aproveitar agora, o Marcos vai para a Universidade DF no ano que vem e temo que perderei a chance de aprender com ele.”
Márcia gaguejou: “Você pode pedir ao Marcos para me dar aulas particulares também? Eu tenho dinheiro para isso!”
Em um primeiro momento, Leticia hesitou, mas pensando na possibilidade de pagamento, concordou: “Tudo bem, vou falar com ele“.
Marcos vinha de uma família com dificuldades financeiras, e dar aulas particulares era muito mais lucrativo do que trabalhar em lojas. Letícia, por motivos pessoais, também queria que a vida de Marcos fosse mais tranquila.
Márcia era filha única e sua familia era razoavelmente abastada. O dinheiro para as aulas particulares não seria um problema.
Quando o sinal anunciou o fim das aulas, Leticia passou a tarde toda distraida, ainda perturbada pelo incidente do meio–dia, quando viu a corrente de chaves com um morango no bolso de Marcos. Aquilo era algo que tinham comprado juntos numa feira noturna. Por que estaria com Marcos?
Ela pensou no blazer de Sérgio Pereira que estava com ela na noite anterior e nos itens que tinha perdido.
Leticia sentiu um arrepio de medo. Será que seu irmão tinha ido atrás de Marcos?
Impossivel, ela não tinha contado a Sérgio onde estava na noite anterior.
Mas essa era apenas uma tentativa de se confortar. Ela sabia que Sérgio era perspicaz descobrir.
Marcos… o que Sérgio te disse?
ciente para
—
O tempo passou rápido e hoje era o dia do último simulado.
Leticia percebeu claramente que Marcos estava se afastando. As vezes em que se viam depois das aulas estavam se tornando cada vez mais raras. Mesmo quando ela tentava se aproximar, ele se distanciava de propósito.
Quanto a Sérgio, já fazia quase um mês que Leticia não tinha contato com ele.
Ela também não conseguia alcançá–lo, mas a essa altura, já não se importava.
Depois do último exame de matemática, Leticia finalmente respirou aliviada. Ela se saiu bem, e Marcos tinha acertado todos os tópicos importantes.
Márcia estava desanimada, com a cabeça baixa sobre a mesa: “Al… com certeza vou reprovar de novo nesse
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Capitulo 37
exame. Leticia, o que eu devo fazer agora?”
“Ah, e quanto àquela história de o Marcos me dar aulas particulares, ele aceitou?”
Leticia balançou a cabeça negativamente: “Talvez outra hora, ele não tem tempo nem para mim agora.”
Márcia, sempre curiosa, perguntou: “Vocês brigaram?“.
Leticia Silveira não respondeu à sua pergunta.
Ele também parecia estar se preparando para um exame de programação.
Depois da prova, veio a S*xta–feira.
Com a mochila nas costas, Leticia Silveira caminhou um pouco e, sem perceber, se vlu na avenida comercial da cidade universitária. Foi quando ela ouviu uma voz familiar em seus ouvidos: “O presidente do Grupo Abundância Verde–Amarela, Sérgio Pereira, está visitando a empresa SupreViso na cidade do Rio hoje para discutir o projeto de desenvolvimento do bairro Favela Bala das Arelas, onde as duas empresas firmaram uma parceria estratégica“.
