Capítulo 99
No dia seguinte, Inês acordou e viu um cobertor fino e valioso sobre seus ombros, feito sob encomenda por Noe Serpa, com as iniciais dele bordadas na borda.
As letras N. S. ardiam em sua visão como fogo, e ela, como se tivesse levado um choque, jogou o cobertor no chão e respirou fundo.
Amado, surpreso com seu movimento, abriu os olhos e levantou a cabeça para olhá–la: “Mãe, o que há de errado?”
“Não é nada…” – Inês tentou se acalmar. Noe Serpa cobrindo–a com um cobertor… Como poderia ser?
“Eu acabei dormindo aqui com você ontem à noite.” – Ela tocou o rosto de Amado: “A febre baixou? Mamãe precisa ir agora,”
“Não, mamãe!”
Amado segurou a barra da roupa de Inês e pediu em voz baixa: “Fica comigo mais um dia, por favor?”
Vendo o desejo nos olhos de Amado, Inês não pôde resistir e suspirou: “Mamãe não vai dormir aqui, mas posso ficar até a tarde, está bom?”
Com os olhos lacrimejantes, Amado concordou: “Eu não quero que você vá embora… Não quero ficar sozinho nesta casa grande.”
Uma solidão sem afeto ou calor.
Inês o confortou e desceu para preparar o café da manhã, movendo–se com a facilidade de quem já havia feito isso inúmeras vezes.
Noe Serpa, que havia acordado cedo, ficou surpreso ao descer as escadas e ver a figura na cozinha, como se tivesse voltado cinco anos no tempo, quando Inês insistia em preparar o café da manhã para ele, embora ele nunca o tivesse tomado.
Mas
agora, quando ele viu aquela figura novamente, teve uma sensação de familiaridade. e ficou perdido em pensamentos na porta da escada.
Inês surgiu com ovos e bacon, e ao ver Noe Serpa, falou com indiferença, como se aquilo fosse apenas uma rotina: “Desculpe, usei os ingredientes da geladeira de vocês.”
Ela falou com tanta naturalidade, mas lembrava de tudo, cada móvel da cozinha carregava o sabor das memórias…
Seus ombros tremiam e/enfrentando Noe Serpa, ela se disse para não ter medo, não tinha mais nada a perder!
Ele notou o tremor sutil de Inês e a observou por um longo tempo antes de dizer com indiferença: “Hmm“.
Olhe para ele, parecia tão destemido, Inés se sentiu tola, as lembranças que a machucavam pareciam afetá–la apenas!
Inês pegou os pratos e voltou com o café da manhã para o quarto de Amado, fechando a porta com o pé e deixando Noe Serpa do lado de fora.
Ele continuou descendo as escadas como se nada tivesse acontecido, mas quando viu outra formada de ovos pronta ao lado do fogão, a fachada inabalável do homem finalmente mostrou rachaduras.
Ovos meio fritos, com a gema ainda mole….
Esse era o café da manhã que ele conhecia tão bem há cinco anos.
Um turbilhão de lembranças surgiu da fenda em sua mente, e por um instante, sentiu o coração tremer, uma dor aguda e inesperada se espalhando em seu peito.
Uma expressão de surpresa passou pelo rosto elegante de Noe Serpa, suas pupilas se contraíram levemente, e seus dedos apertaram sem querer.
Os detalhes da vida cotidiana, aos quais ele nunca tinha dado muita atenção, tornaram–se agora objeto de sua saudade.
Será que Inês havia deixado isso… especialmente para ele?
Ela não comia ovos fritos mal passados, só ele… tinha o hábito de comer ovos meio
fritos.