Capítulo 186
A conversa foi, sem dúvida, um tapa na cara de Inês, que ficou pálida ao ver Noe Serpa e Dorival se afastarem. Ela ficou sentada no saguão por um longo tempo antes de voltar ao estúdio com um olhar distante no rosto.
Seus colegas perceberam que havia algo errado com sua expressão e se aproximaram para perguntar: “O que aconteceu? Você brigou com o cliente?”
“Eu disse que esse cliente parecia encrenca, que não seria fácil lidar com ele. Se soubéssemos, teríamos mandado um homem. Olha só, assustaram nossa diva!” – O Dinossauro Verde preparou um café para Inês, que agradeceu. Somente após sentir o calor do café ela começou a se acalmar um pouco.
Gabrielo estava ocupado pintando quando viu Inês caminhando sombriamente em sua direção. Depois de um longo silêncio, ele desviou o olhar e perguntou com indiferença: “Você conhece Noe Serpa?“.
A expressão de Inês ficou tensa e ela virou a cabeça rapidamente, dizendo: “Não… eu não o conheço“.
“Pela sua cara, parece que vocês dois têm uma história.” – Gabrielo sorriu enigmaticamente: “Não me diga que vocês dois tiveram algo?“.
Inês ficou pálida e negou rapidamente: “Não. Impossível. Se eu tivesse tido algo com ele, não estaria aqui trabalhando.”
“É mesmo.”
Gabrielo falou significativamente, dando um olhar para Inês: “Parece que ele não gostou de você. Achei que, pelo menos com sua beleza, poderíamos ganhar algum dinheiro“.
Inês deu um sorriso amargo.
Gostou? Noe Serpa nunca lhe dera a menor atenção.
E sua afeição, ao longo dos anos de espera, havia se desgastado lentamente.
Na hora do almoço, todos sentiram a tristeza de Inês, provavelmente por não ter conseguido patrocínio para o estúdio. Wilson, preocupado com a pressão que ela poderia estar sentindo, sentou–se ao lado dela com uma travessa de feijoada: “Esqueça, ninguém está culpando você.”
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Inês suspirou: “Se eu for embora, ele vai patrocinar você?“.
Ele não suportava a presença dela em nenhum lugar? Ele estava fazendo isso de propósito para atingi–la?
“Por que você diz isso de repente?” – Wilson ficou surpreso: “Não pense em pedir demissão, é uma coisa tão pequena, não se desespere.”
“Divino, não leve isso tão a sério.” – Dinossauro Verde se aproximou com um espeto de salsicha: “Você gostaria de um? Está delicioso.”
Inês olhou para seus gentis colegas e só conseguiu sorrir com remorso. Talvez se não fosse por ela ter confrontado Noe Serpa hoje, ele não teria recusado tão rapidamente.
Ele parecia estar em toda parte, querendo usar todos os meios possíveis para fazê–la perder.
Naquela noite, Inês pensou muito e sentiu que não poderia continuar a ser um fardo. Talvez ter ido àquele estúdio tenha sido um erro. No dia seguinte, ela não foi trabalhar e ficou em casa pensando.
Como ela poderia escapar do bloqueio de Noe Serpa?
Depois, a campainha tocou, e quando ela abriu a porta, viu Gabrielo do lado de fora, usando óculos de armação fina e um moletom grosso, parecendo um playboy que sabe se divertir, com um relógio esportivo no pulso. Quando viu Inês abrir a porta, ele a pegou pela mão e a puxou para fora.
Inês ficou surpresa: “Como você sabia que eu estava aqui?”
“Está no seu perfil pessoal.”
Gabrielo soltou um som impaciente: “Por que você não veio trabalhar?”
“Eu..eu…” – Inês hesitou: “Eu pensei sobre isso e talvez eu não me encaixe muito
bem…”
Gabrielo a puxou para dentro de sua casa e, como se fosse o dono dela, puxou uma cadeira ao lado da mesa de jantar.
Ele olhou para ela com um olhar penetrante: “Você mora em um bairro onde o metro quadrado custa cinco mil. Quem pode se dar ao luxo de morar aqui, por que viria trabalhar para nossa empresa? Não me diga que você e Noe Serpa não têm nada a ver, eu não acreditaria“.
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Ele era sempre tão direto e incisivo em suas palavras, sem se importar com os sentimentos de Inês.
Esse homem, com um rosto que lembrava o de Santiago, não tinha a ternura que Santiago trazia de qualquer outra parte. Inês sentia que devia estar doente, pois a dor de perder Santiago era tão insuportável que ela acabava confundindo Gabriel, esse homem frio e sem coração, com seu irmão, vez após vez.
