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Dentro do quarto, comecei a pensar na situação que eu havia me metido, estava sozinha no mundo, morando agora na casa de um homem totalmente desconhecido, longe da cidade, e cuidando de um bebé que eu não tinha ideia quem era a mãe, não teria mais um salário, e estava vista como mentirosa pelo meu patrão, eu não poderia mais ficar ali, não havia motivos. Comecei a arrumar minhas poucas coisas na bolsa, quando o Noah começou a chorar, o peguei no colo e vi que estava ardendo em febre, peguei um remédio dentro da farmacinha que eu havia feito, dei a ele e depois dei um banho, esperando que a febre baixasse.
Eu não havia tomado café da manhã e muito menos almoçado, decidi que não iria comer nada naquela casa, para que Oliver não pensasse que estaria ali apenas pela comida e pelo abrigo, era certo que eu ficando na casa cuidando do Noah mesmo sem ganhar um tostão, era mais seguro do que andar a deriva por ai sem saber como seria daqui para frente, mas estava gostando daquele bebezinho, e deixá-lo partiria meu coração.
Mas acabou ser 5 da tarde, quando a fome apertou para valer, Noah parecia melhor, então desci sozinha com a babá na mão, fui à cozinha preparar um lanche rápido para voltar ao quarto, comi depressa um sanduiche, e quando estava lavando os talheres que sujei, Oliver apareceu na minha frente, sua cara não era nada boa, estava com a calça jeans cheia de terra, e uma jaqueta também empoeirada, sentou na cadeira sem tirar os olhos de mim.
–
Quero água! Falou alto e com voz de mandão.
Como naquele momento na cozinha estava apenas eu e ele, vi que a ordem era para mim, pensei em fingir que não ouvi e deixá-lo sozinho, mas não se nega água a ninguém, muito menos ao dono da casa. Peguei um copo no armário e enchi com água gelada, levei até ele, e antes de virar as costas ele já havia bebido tudo e pedido mais.
“Que folgado desaforado” – Pensei.
Mais uma vez fui até a geladeira, mas dessa vez peguei a jarra e levei até ele.
– Sirva- se do quanto quiser.
Sai sem dizer mais nada, afinal, eu trabalhava cuidando do filho, não dele, mesmo assim, senti
seus olhos me queimarem pelas costas.
Oliver era um homem alto, aparentava ter 30 anos no máximo, mas tinha a aparência dura, como se fosse amargo. Tirando isso, ele era muito apresentável, aparentemente, para não dizer bonito, já que sua postura e jeito que falava comigo o fazia feio, não resolvi falar da febre de Noah, além
disso, um pai que não se importa de perguntar pelo filho não é um pai. ”
Mais uma vez, peguei o termometro para medir a temperatura de Noah, ele estava febril, mas dormia sem desconforto, deixei -o com roupinhas leves para que não esquentasse mais do que já
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fazendo efeito, e ele estava muito bem observado por mim, eu iria embora, mas só quando ele estivesse realmente bem. @
A noite, umas 10 e pouquinho, senti fome outra vez, havia cochilado um pouco ao lado de Noah, acordei e ia para a cozinha, quando vi que ele estava quente e fazendo barulhinhos como se fossem gemidos, levantei mais que depressa, vi que sua temperatura havia subido, e ele estaval ficando roxinho, do jeito que eu estava o enrolei e numa mantinha, peguei sua bolsa e sai do quarto, procurando alguém para me levar ao hospital, Oliver estava deitado no sofá, o chamei imediatamente, mas ele não parecia me ouvir, do seu lado havia duas garrafas de whisky vazias, e estava dormindo com um copo na mão.
– Que droga, acorda seu imbecil, seu filho está quase tendo uma convulsão! pernas, mas ele apenas virou para o outro lado e continuou dormindo.”
Chutei suas
Meus chamados foram totalmente ignorados, não havia mais ninguém na casa, os empregados tinham ido embora, e Joaquim já havia ido para a Vila, me lembrei que não tinha o número dele para contatá-lo, e chamar uma ambulância seria fora de cogitação, já que a fazenda era muito Jonge da capital. Sai pela portà da frente, e o único jeito era ir correndo com o bebê nos braços até a vila, chamaria alguém para me levar ao hospital.
Noah continuava a gemer e meus olhos enchiam de lágrimas, eu corria em direção a estrada que levava a vila, com ele no colo com todo o cuidado do mundo, quando em minha direção veio faróis de carro, gritei imediatamente para que a pessoa que estivesse dirigindo, parasse para me
socorrer, quando me aproximei vi que era Saulo.
– O que houve com o Oliver? – Perguntou preocupado.
– Não é ele, é o Noah, ele está com muita febre e está ficando com a boquinha roxa, acho que é inicio de uma convulsão, por favor, me leve ao hospital!
Mandou que eu entrasse no carro imediatamente.
– Coloca o sinto e o segura bem, vou correr para chegarmos ao hospital o mais rápido possível.
Saulo fez a volta com o carro e dirigiu em direção a vila.
– Para onde estamos indo?
Para o pronto-socorro da vila, é caso de urgência, vamos ver se o médico de la dar um jeito, a
cidade está muito longe.
Ao chegarmos ao pronto-socorro, o médico de plantão já veio nos atender imediatamente,
avaliando Noah e o medicando.
Fiquei ao seu lado a todo momento, preocupada na possibilidade de algo pior acontecer.
O médico me chamou para conversar e Saulo veio junto.
Nao se preocupem, esta tudo bem agora, ele teve um inicio de convulsao por conta da febre, e trazê-lo imediatamente aqui salvou a sua vida, já que ele estava quase engasgando com a própria saliva, vamos deixá-lo em observação só por precaução, e depois, vamos colher seu sangue para alguns exames, pois queremos saber por qual motivo a febre veio, agora temos que ver com o senhor Oliver, se ele quer que façamos a coleta aqui, ou irá levá-lo ao hospital particular onde o bebê é cuidado,
Pode fazer aqui mesmo doutor. Respondi imediatamente.
– Como assim Aurora? O Oliver que vai dizer o que ele prefere.
—
Se for para esperar o babaca do Oliver acordar da ressaca que estará amanhã, o Noah vai morrer, e quem cuida do bebê sou eu, eu quem devo responder por ele. – Não sei de onde tirei tantal coragem de falar aquilo, talvez por saber que vou embora logo, mas ver o pobrezinho daquele jeito me angustiou, ele era como eu, não tinha ninguém no mundo e pior, ainda era indefeso e dependial totalmente de mim.
O médico encarou Saulo, esperando uma resposta dele, que afirmou com a cabeça, para que o médico fizesse o que eu acabara de falar.
Após uma enfermeira chegar e ficar ao lado de Noah, fui para o corredor procurar um bebedouro, estava morrendo de fome e sede, toda aquele acontecimento me fez ficar muito mal, estava bebendo água e percebi que minhas mãos tremiam muito.
– Por que você está tremendo tanto?
Saulo apareceu atrás de mim como um fantasma, e viu que eu olhava para as minhas mãos.
– Nada 3
– Você estava preocupada com o Noah?
– Mas é claro, como não se preocupar? Você viu a situação que ele estava, tão pequeno e tão frágil. Nessa hora, não consegui me segurar e comecei a chorar feito criança, Saulo pegou outro copo de água para mim e pediu que eu me sentasse numa cadeira que estava próxima.
Ele está melhor agora, não se preocupa. Me encarou e continuou – O Oliver acertou em te
contratar como a babá do menino. 12
–
E, mas eu vou embora amanhã. 19
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